Petrobras cancela refinaria do Ceará e causa prejuízo de R$ 3 bilhões

A refinaria Premium II, aguardada há muito tempo no Ceará e alvo de campanhas políticas ao longo dos anos, teve seu projeto cancelado nesta quinta-feira (29) pela Petrobras. O mesmo destino ganhou a refinaria Premium I, a ser instalada no Maranhão. Os prejuízos do projeto chegam a R$ 3 bilhões.
 
Cenário negativo
 
O impacto da medida foi negativo em todo o cenário político brasileiro. No Ceará, o presidente da Assembléia Legislativa, Zezinho Albuquerque, classificou como "descortesia" a medida da petrolífera.
 
"Não era uma promessa, mas sim, um compromisso da presidente Dilma e do ex-presidente Lula", ressalta Zezinho.
 
Zezinho Alburquerque afirma que, ainda no mandato de Cid Gomes, todos os requisitos para instalação do empreendimento foram realizados, como a entrega da escritura do terreno à presidente da Petobras, Graça Foster.
 
Após a decisão, o gabinete do governador Camilo Santana emitiu uma nota na qual declarou "repúdio" pela decisão. A atitude foi considerada um "desrespeito ao povo cearense" e "uma quebra unilateral do compromisso firmado com o Estado".
 
Já para o presidente da Federação das Indústrias do Ceará (FIEC), Beto Studart, o cancelamento da obra só deixou claro que o projeto sempre foi "politiqueiro".
 
"É a mentira política que garfa e trai o cearense. Na minha 'cabeça', essa desistência está na 'cabeça' deles há muito tempo", diz o presidente.
 
Ainda sobre o cancelamento, Beto Studart afirmou que o transtorno nessa medida impactará no crescimento econômico do Ceará, haja vista a expectativa do aumento do Produto Interno Bruto (PIB) estadual em 40%.
 
Investigações
 
O caso, ao que tudo indica, não ficará apenas em um simples cancelamento. Nos próximos dias, o Ministério Público Estadual (MPF-CE) enviará um ofício ao Governo Federal, solicitando esclarecimentos sobre o valor empregado pelo Estado no empreendimento.
 
O órgão tenta entender se havia contrato com a estatal ou se houve investimento em infraestrutura sem acordo oficial, caracterizando crime de improbidade administrativa.
 
"Queremos saber o motivo dessa paralisação e verificar o quanto já foi aplicado, onde foi aplicado e aonde foi revertido, pois é possível que o patrimônio público tenha sido consumido em um projeto que vai resultar em nada", pontua o procurador da república Alessander Sales.
 
*Com informações da repórter Kilvia Muniz.