'Mandala Financeira': economista alerta para perigos de sistema de pirâmide espalhado pelo WhatsApp

Economista explica que não é possível em um sistema rentável que os participantes tenham um lucro tão grande em tão pouco tempo

Uma nova maneira da "ganhar dinheiro fácil" tem atraído a atenção de diversas pessoas pelo Ceará e pelo Brasil. A chamada Mandala Financeira ou Mandala da Prosperidade é um sistema que promete um retorno de oito vezes o valor investido.
 
O modelo é espalhado e divulgado em grupos de WhatsApp prometendo um ganho de R$ 800 a partir do investimento de R$ 100. O dinheiro é depositado diretamente na conta de cada participante, que tem a função de convidar novas pessoas para movimentar o sistema. O retorno do investimento acontece de acordo com a adesão de novas pessoas ao sistema, sem ser necessário um tempo fixo de espera para receber a quantia.
 
De acordo com a mensagem espalhada pelos membros do grupo, a "Mandala" é um negócio de "pessoas se ajudando em uma fase de tempos difíceis, de crise financeira".
 
O esquema trabalha com uma divisão de quatro estágios de participantes: fogo, vento, terra e água.
 
Entenda como funciona:
 
1º estágio, o Fogo: a pessoa entra na Mandala a partir de um investimento de R$100, que são depositados para a pessoa que está no último nível.
 
2º estágio, o Vento: o participante convida dois amigos para entrar e fazer o depósito.
 
3º estágio, o Terra: a pessoa incentiva os amigos convidados para que consigam mais duas pessoas cada um.
 
4º estágio, o Água: o participante recebe as "doações" de oito pessoas que estão entrando no nível Fogo.
 
Algumas medidas são requeridas pelo sistema, como o pagamento feito diretamente para a conta do beneficiado via transferência online ou no caixa eletrônico, com a postagem obrigatória do comprovante no grupo do WhatsApp.
 
A nova modalidade de "investimento" circula também em grupos do Facebook, que redirecionam as pessoas para grupos do WhatsApp.
 
Pirâmide
 
O problema do sistema, no entanto, para o economista Diogo Gomes, é que se trata de um modelo de pirâmide financeira. "São todas iguais, só muda o nome, mas o sistema é o mesmo. Você deposita o dinheiro e as próximas pessoas vão custeando seu lucro", afirmou.
 
Diogo explica que não é possível em um sistema rentável que os participantes tenham um lucro tão grande. "A taxa de juro rende 13%, a bolsa de valores 30%. Como você vai ganhar 800%?", alerta.
 
Para o economista, as pessoas precisam ter um pouco mais de 'bom senso'. "Basta você pesquisar um pouco. Os participantes novos são os que rentabilizam os antigos. Se não tiver novos integrantes o sistema quebra", disse.
 
O especialista afirma que o mais correto é não entrar, pois o lucro inicial deixa as pessoas cegas para os perigos do sistema. "A primeira vez funciona. Aí a pessoa arrisca mais ainda para ganhar mais. Quando você entra a segunda, a terceira vez, começa a não funcionar mais. É um sistema furado", concluiu, alertando os participantes sobre a curta duração de sistemas como esse.