Na reta final do segundo turno da eleição à Prefeitura de Fortaleza, o atual prefeito Roberto Claudio, do Partido Democrático Trabalhista (PDT), usou o legado construído ao longo dos quatro anos de mandato como principal estratégia de campanha. Na última terça-feira (25), o candidato, que ocupa o primeiro lugar na pesquisa Ibope de intenção de votos, com 51%, participou de uma rodada de perguntas e respostas exibida na TV Diário.
Ao mencionar as prioridades, caso seja reeleito,o pedetista apontou que a área que ganharia mais atenção seria a saúde pública. “Por isso estou candidato, para garantir a continuidade dos avanços da cidade, mas também para me comprometer a resolver outros problemas. Na área da saúde, nada se resolve em um passe de mágica, pretendo terminar o que foi começado”, destacou. Um maior investimento nas escolas de tempo integral, principalmente nas áreas de baixa renda, também foi mencionado pelo candidato.
O encontro foi comandado, mais uma vez, pelos jornalistas do Sistema Verdes Mares Tom Barros, Egídio Serpa, Inácio Aguiar e Evandro Nogueira. Roberto Claudio mencionou novas propostas e projetos de continuação de obras e programas nas áreas de educação, segurança e saúde, além de rebater críticas do adversário, o candidato Capitão Wagner (PR), que também participou do programa na última segunda-feira (24).
Polêmica da Praça Portugal
O candidato aproveitou a ocasião para relembrar um ponto polêmico de sua gestão: a reforma da Praça Portugal. Durante a fala, Roberto Claudio afirmou que não se pode governar uma cidade tão diversa e heterogênea sem usar do diálogo. "Personalismo, presunção e arrogância no executivo não funcionam. É preciso entender que às vezes é melhor voltar atrás em uma convicção pessoal. (...) Ter encontrado uma certa rejeição ao projeto de reforma por parte da população, que tinha uma relação de memória com o local, me fez voltar atrás no plano original", disse.
Promessas e críticas
Uma das principais condenações feitas por Capitão Wagner à gestão do atual prefeito são o número de promessas de campanha não cumpridas, como o congelamento do valor da passagem de ônibus em R$2. Usando esse contexto, o jornalista do Diário do Nordeste, Inácio Aguiar, questionou Roberto Claudio sobre quais eram as justificativas para esse não cumprimento. “Em 2012, estávamos em um cenário econômico diferente do que temos hoje. Ninguém imaginava que teríamos três anos de recessão. A natureza da crise afeta gravemente os governos, porque o dinheiro que paga servidor e financia obras depende da arrecadação de tributos e estes dependem diretamente da economia. Se a economia vai mal o dinheiro da prefeitura diminui”, justificou o candidato.
O atual prefeito aproveitou para frisar as promessas que foram cumpridas citando programas como a implementação do Bilhete Único, a construção das 80 novas creches, a criação de 20 novos Postos de Saúde e a abertura de concursos para médicos. Ele também chamou atenção para as medidas que não estavam nos planos, mas foram executadas pela gestão. “Construímos areninhas pela Cidade, reformamos 200 praças, instalamos playgrounds e academias ao ar livre e criamos o Bicicletar, que é o sistema de bicicletas compartilhadas mais usado no País”, relembrou o atual prefeito.
Saúde pública: uma prioridade
“Fortaleza recebeu, ao longo desses quatro anos, o maior investimento feito na história da saúde pública da cidade. Expandimos os serviços duplicando a cobertura do Programa Saúde da Família, abrimos 18 novos Postos de Saúde e contratamos mais 360 médicos. Instalamos um novo sistema de funcionamento nos Posto, que passaram a funcionar das 7h às 19h e padronizamos o atendimento nesses estabelecimentos”, listou o candidato. Roberto Claudio também elencou a construção de cinco novas UPA’s municipais, a abertura de 250 novos leitos hospitalares e uma policlínica.
O candidato também citou quais as prioridades na área da saúde caso seja reeleito. “Pretendo ajustar o sistema de estoque e distribuição de medicamento nos Postos de Saúde da Prefeitura de Fortaleza. Quero construir mais três policlínicas, além da do Jangurussu e a que está em obra no bairro Jóquei. Garantirei 450 novos leitos hospitalares, que já estão todos em obras neste momento, incluindo os do Instituto José Frota (IJF) 2, que vai permitir mais cirurgias e mais internamentos”, concluiu o candidato.
Educação em tempo integral
“Para promover a paz numa cidade violenta como a nossa, o caminho sólido não é de mais tiro, mais arma. É dar oportunidade ao jovem em vulnerabilidade. E a escola em tempo integral é isso”, apontou o candidato, novamente fazendo referência à proposta de Wagner de armamento da Guarda.
Apesar de afirmar que “a perspectiva econômica não é promissora”, o atual gestor manteve a promessa de construir mais 20 escolas em tempo integral na cidade, enaltecendo a atuação social desses espaços principalmente em bairros periféricos. “Não vai ter tempo fácil. Precisamos ter controle dos gastos públicos e priorizar investimentos”, concluiu.
Uma Guarda Municipal preventiva e comunitária
“Criamos a Secretaria de Segurança Cidadã, tivemos avanços, mas essa é uma área, como a da sáude, que vamos priorizar em um eventual segundo governo. No qual será dado um novo papel para Guarda Municipal, vamos trazer mil novos agentes e garantir mais vigilância e presença territorial da Guarda”, revelou o candidato. O prefeito ainda falou que nessa nova configuração a Guarda passaria a funcionar de forma integrada com o RAIO.
Roberto Claudio aproveitou o tema para alfinetar seu adversário, Capitão Wagner, que pretende, se eleito, armar a Guarda Municipal. “O papel da Guarda não é substituir polícia, seu papel é ser preventiva e comunitária. Imaginar ou prometer que a ela vai substituir a Polícia ou que simplesmente vai ter mais segurança em Fortaleza é prometer a ilusão”, declarou.