Confira os 11 motivos pelos quais Janot pediu o afastamento de Cunha da Câmara

Em seu pedido de afastamento do peemedebista da Câmara, o procurador-geral da República Rodrigo Janot apresentou denúncia acusando Cunha de tentar interferir na condução das investigações da Operação Lava Jato

O País amanheceu com a notícia de que Eduardo Cunha (PMBD-RJ) foi afastado do seu mandato de deputado federal e da Presidência da Câmara dos Deputados. O ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, atendeu o pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que apresentou denúncia acusando Cunha de tentar interferir na condução das investigações da Operação Lava Jato. 
 
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Na ação, Janot argumentou que Cunha estava atrapalhando as investigações da Lava Jato, onde o deputado é réu em uma ação e investigado em vários procedimentos. Confira os pontos listados pelo procurador-geral para o afastamento de Cunha:
 
1) Pressão para receber propina por meio de requerimentos na Comissão de Fiscalização referentes a Julio Camargo e o Grupo Mitsui 
A PGR diz que dois requerimentos foram elaborados por Cunha, utilizando sua senha pessoal e login de rede, e que eles foram apenas inseridos no sistema da Câmara pela então deputada federal Solange Almeida. Após a autoria dos requerimentos vir à tona, Cunha exonerou Luis Carlos Eira do cargo de Diretor de Informática da Casa. Segundo a PGR, além do caso envolvendo as sondas, as práticas de "achaque" ocorreriam desde 2003.
 
2) Mesmos instrumentos de pressão utilizados contra o grupo Schahin 
A PGR aponta que Eduardo Cunha estaria por trás de mais de 30 requerimentos e convocações feitas para pressionar os donos do grupo Schahin, com apoio do empresário Lúcio Bolonha Funaro. Salim Schahin descreveu com detalhes à Justiça a perseguição que a empresa teria sofrido dentro do Congresso, especialmente por parte de Cunha. A rixa ocorreria para beneficiar Funaro, que é adversário de Schahin.
 
3) Convocação da advogada Beatriz Catta Preta para a CPI da Petrobras 
O objetivo dessa convocação, conforme a PGR, seria constrangê-la por ter auxiliado Julio Camargo a incriminar Eduardo Cunha. A PGR sublinha que o presidente da Câmara teria usado seus aliados para "constranger e intimidar quem ousou contrariar seus interesses". Beatriz é uma advogada criminalista que defendeu nove delatores da Lava-Jato.
 
4) Contratação da empresa de investigação Kroll pela Câmara por R$ 1 mi
A intenção de Eduardo Cunha ao contratar a Kroll, diz a PGR, seria descobrir algo para comprometer os acordos de delação premiada. A Procuradoria aponta que a Kroll tem "atuação controvertida no Brasil".
 
5) Pressão sobre o Grupo Schahin na CPI da Petrobras e convocação e afastamento do sigilo de parentes de Alberto Youssef 
Cunha teria usado, segundo a PGR, a CPI para convocar parentes do doleiro Alberto Youssef como forma de pressão. Na delação premiada, o doleiro confirmou que Cunha recebeu propina oriunda da negociação de navios-sonda adquiridos da Samsung.
 
6) Manobras para viabilizar projetos de lei que poderiam evitar sua própria incriminação 
A PGR afirma que Eduardo Cunha abusou do poder para mudar a lei e impedir que um delator corrija ou acrescente informações em depoimentos já prestados. É o projeto de lei nº 2755/2015, do deputado Heráclito Fortes (PSB-PI).
 
7) Retaliação contra que contrariam seus interesses 
Com a demissão do diretor de informática da Câmara, Luiz Eira, Cunha teria demonstrado, ressalta a PGR, que quem o contraria sofre consequências. Membros da bancada do PSOL e da Rede Sustentabilidade estariam sendo retaliados pelo presidente da Casa por levarem adiante a representação pela cassação dele no Conselho de Ética. 
 
8) Participação em atos legislativos para favorecer bancos e empreiteiras e receber vantagens indevidas 
Para aprovar parte de Medida Provisória de interesse do banco BTG Pactual, de André Esteves — preso pela Lava-Jato —, Cunha teria recebido vantagens indevidas, sustenta a PGR. Isso teria ocorrido em pelo menos mais 10 MPs. 
 
9) Manobras para evitar punições no Conselho de Ética 
Cunha responde a representação por quebra de decoro parlamentar e, para escapar de penalizações, teria utilizado, de acordo com a PGR, "manobras espúrias" como obstrução da pauta e início de sessão com a presença de quórum abaixo do exigido para votações. 
 
10) Ameaças ao ex-relator do processo de cassação no Conselho de Ética 
Um dos parlamentares do Conselho de Ética relatou à PGR que Fausto Pinato (PRB-SP) teria recebido ameaças e que sua família sofrera constrangimento durante um trajeto realizado de carro em Brasília. O responsável, segundo a Procuradoria, seria Eduardo Cunha. 
 
11) Novas ameaças e oferta de propina ao ex-relator do processo de cassação 
Após o afastamento do processo de cassação de Cunha, Pinato disse que foi abordado por pessoas em um aeroporto e que sofreu ameaças, além de ter recebido, de maneira velada, ofertas de vantagem ilícita pela sua posição de relator.
 
Cunha vai recorrer da decisão
 
A assessoria do presidente da Câmara afastado, Eduardo Cunha disse que o político decidiu recorrer da decisão que suspendeu seu mandato e, consequentemente, o afastou da Presidência da casa. A assessoria informou ainda que Eduardo Cunha está "tranquilo" e passará esta quinta-feira (05) na residência oficial, recebendo aliados e advogados.