Brasil pode levar 76 anos para a adequar nível de leitura de todos os estudantes

Segundo a Avaliação Nacional de Alfabetização, em 2016, 54,73% dos alunos pertenciam ao nível insuficiente de leitura. As regiões Norte e Nordeste tiveram os piores índices

Segundo um cálculo feito pelo movimento Todos Pela Educação, o Brasil levará 76 anos para que todos os estudantes sejam considerados proficientes em leitura ao final do 3º ano do Ensino Fundamental. A organização usou como base os resultados da Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA) de 2016, divulgados na última semana pelo Ministério da Educação (MEC). 

Conforme os dados da ANA, as regiões Norte e Nordeste foram as que obtiveram os piores resultados de leitura, com 70,21% e 69,15% dos estudantes apresentando nível de insuficiência, respectivamente. Em estados como Maranhão, Sergipe e Amapá, o índice de crianças com nível considerado suficiente em leitura está em torno de 20%.

O estudo mostra que, em 2016, os alunos com nível insuficiente de leitura correspondia a 54,73%. Já em 2014, o número estava em 56,17%, o que mostra uma estagnação na melhoria das taxas. Pela classificação, alunos nos níveis insuficientes não conseguem realizar tarefas como identificar informações explícitas localizadas no meio ou no fim de um texto, escrever corretamente palavras com diferentes estruturas silábicas ou fazer contas de subtração com números maiores ou iguais a 100.

Apesar do cenário de estagnação, o coordenador de projetos do Todos pela Educação, Caio Callegari, em entrevista à Agência Brasil, acredita que ocorreram processos importantes nos últimos anos, como a aprovação do Plano Nacional de Educação, em 2014, que estabelece para 2024 a meta de todas as crianças estarem alfabetizadas. Ele também cita a Base Nacional Comum Curricular, em análise no Conselho Nacional de Educação, e a construção do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic). 

“A política foi bem desenhada, teve uma construção conjunta da sociedade civil. Foi um bom desenho, mas pecou na implementação”, ressaltou.