O reajuste nos planos de saúde mexe com a vida de muitas famílias. O último aumento foi considerado absurdo por muitos consumidores e fez os beneficiários dos planos sofrerem, principalmente quem tem convênio individual.
A conta do aposentado Carlos Augusto passou de R$409,86 para R$465,48: um aumento de 13,57%. O percentual foi mais que o dobro do reajuste da aposentadoria, que subiu apenas 6,5%. "É um reajuste astronômico, até criminoso, podemos dizer. Porque o cara recebe 6,5 e vai ter que pagar 13,57? E ainda não tem uma justificativa, dizem que o reajuste é porque tem que reajustar mesmo", afirmou Carlos.
Os reajustes foram autorizados no ano passado pela Agência Nacional de Saúde (ANS). Para os planos com aniversário de contrato entre maio de 2016 e abril de 2017. A prática acontece anualmente. A metodologia da ANS para calcular o aumento anual dos planos de saúde, se baseia ne média dos reajustes aplicados a planos coletivos, com pelo menos 30 beneficiários, como os planos empresariais.
Em tese, essa seria uma forma de proteger o usuário médio, se baseando na maior capacidade de negociação das empresas. "A gente observa que as operadoras de plano de saúde, pros contratos individuais, no processo de negociação junto à ANS, sempre pedem uma taxa bem maior. E a agência vem sempre brigando e batalhando por uma taxa menor, mesmo que a gente observe que, ao longo dos últimos anos, essa taxa de negociação continua sendo bastante elevada para os padrões de capacidade de pagamento do consumidor", afirma o economista Ricardo Coimbra.
A questão, segundo o economista, é que o uso do plano aumenta junto com a média de idade da população. "Com o crescimento vegetativo da população, ou seja, passando a ter mais pessoas mais velhas, você acaba forçando com que esse ticket médio de custo para a operadora, fique mais elevado. Tanto também que as operadoras agora tem faixas etárias", explicou Ricardo.
Em 2016, as operadoras chegaram a pedir entre 17% e 20% de aumento. As negociações para o novo reajuste estão em curso. Coimbra aposta num aumento entre 8% e 10%, menor por conta da inflação, mas que ainda assim deve superar possíveis melhorias no rendimento médio do brasileiro. "Vai gerar um pouco mais de dificuldade, principalmente aos indivíduos que ou são aposentados ou tem uma menor reposição das perdas inflacionários", finalizou.