Comercialização do autoteste do HIV divide opiniões entre profissionais da Saúde

Atualmente no Brasil, mais de 140 mil pessoas são portadoras do vírus HIV mas não sabem. Cerca de 734 mil vivem com o vírus. Os dados são do departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde que sediou uma reunião do grupo de trabalho que cuida da parcela brasileira do Relatório da Resposta Global à Aids, do Unaids. 
 
Um aliado para o diagnóstico da doença é o autoteste. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária aprovou, na última sexta-feira (20), uma resolução que autoriza a venda desses testes em farmácias, drogarias e postos de medicamentos, o que pode auxiliar no controle da doença no país. 
 
O objetivo é estimular o acesso ao diagnóstico da Aids e reduzir a transmissão do vírus. O teste que futuramente estará disponível nas prateleiras das farmácias tem um modelo bem parecido com os testes de gravidez. O resultado fica pronto em 30 minutos e ele é feito através do sangue, com um pequeno furo no dedo ou ainda com fluidos na gengiva ou da mucosa da bochecha. 
 
Mas essa praticidade é vista com cautela por algumas pessoas. A farmacêutica Prisciana Ribeiro acredita que o diagnóstico da doença requer cuidados especiais. "Eu acho que é bom por um lado e ruim por outro. É bom porque dá acesso mais rápido à população para saber sobre a doença e é ruim porque ela vem com um estigma muito forte. Então, quando ssa pessoa sabe, ela precisa de orientação de profissionais que possam auxiliá-la e encaminhá-la ao tratamento. Saber de qualquer jeito, afeta muito o psicológico", explica. 
 
Para outras pessoas, a comercialização é vista com bons olhos desde que sejam passadas todas as informações necessárias. "Eu acho que não é só colocar para vender nas farmácias e sim construir um projeto de educação e saúde, de prevenção para que as pessoas utilizem isso como uma ferramenta de prevenção à saúde", diz Lígia Sousa, psicóloga.