Estudo projeta Ceará mais quente e seco nos próximos anos; confira

Dados divulgados pelo Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC) revelam para os próximos anos um Ceará cada vez mais quente, mais seco, marcado por extremos climáticos e pela maior vulnerabilidade a ameaças naturais, como estiagens, ressacas do mar e erosão costeira. Esta projeção será concretizada caso as emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE) e outros fatores diretamente relacionados ao aquecimento não sejam desacelerados.
 
> Confira o estudo completo
 
Os resultados fazem parte do relatório especial "Impacto, vulnerabilidade e adaptação das cidades costeiras brasileiras às mudanças climáticas", lançado neste mês. O estudo também foi realizado em outros pontos da costa do Brasil, como Recife, Salvador e Rio de Janeiro.
 
No relatório foram avaliados os cenários de mudanças climáticas para o Brasil e como essas cidades poderão ser impactadas pelo aquecimento global. De acordo com o estudo, 18 das 42 regiões costeiras sofrem influência do fenômeno. O documento abordou municípios costeiros das regiões Nordeste, Sudeste e Sul.
 
Segundo o meteorologista Raul Fritz, as projeções indicam eventos climáticos mais extremos. "Os especialistas em clima que fazem essas o projeções indicam que esses eventos mais extremos ocasionam secas mais intensas e duradouras. Mas também podemos ter anos de chuvas intensas, provocando grandes enchentes. Ou seja, existe uma falta de ordem maior nesses eventos", comentou. 
 
Ainda de acordo com Raul, os resultados são mais pessimistas em Fortaleza devido ao fenômeno 'Ilha de Calor'. "O fenômeno do aquecimento global provoca aumentos nas temperaturas mínimas e máximas.  Fortaleza tem um diferencial que atua, que é o chamado 'Ilha de Calor', que é provocado por causa da intensa urbanização e acarreta temperaturas ainda mais elevadas", explicou. 
 
Consequências
 
Entre os problemas ambientais nas regiões costeiras, estão o aumento do nível do mar, que pode chegar a subir 40 centímetros até 2050, e as extremas chuvas, que acarretam riscos de deslizamento de terras, enxurradas e enchentes.
 
Também foi constatada nas cidades litorâneas a forte emissão de gases poluentes. Segundo o documento do PBMC, o Rio de Janeiro se destaca com a maior emissão de gás carbônico (CO2) por habitante da ordem de 3,47 toneladas.
 
Este é o segundo documento sobre mudanças climáticas e cidades elaborado pelo Organismo Científico criado pelos ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação e Meio Ambiente em 2009. O primeiro foi divulgado durante a Conferência das Partes da Convenção do Clima (COP 21), da Organização das Nações Unidas (ONU), no Marrocos, em 2016.